quarta-feira, 9 de abril de 2014

Suspiro em Vinicius

Tenho que lembrar-me de beber 
Na fonte de grandes poetas de vez enquanto, 
Para não esquecer que o mundo é muito mais do que simples olhos rígidos e secos podem observar.
Que o mundo é muito mais lindo do que esta rotina pode mostrar.
Que a vida não é só isso, esse vai vem de corpos a falar
Falar
Falar
Surdos do mundo, surdos de tudo
Que a vida tem mais sentido que essa lógica insana e infantil toda,
De crescer em ciclos viciosos de necessidades, esquecendo verdadeiramente o que importa.
Quero lembrar que poderei respirar,
Que não sou solitária em meus devaneios.
E quero ter fé que um dia acorde todos desse estado doentio esquizofrênico 
E que a lógica - base 
imposta por outros, 
deixem de ser a deles.

sábado, 29 de março de 2014

Sobre homens e bebidas, grande Bukowski

“Francine virou-se para ele e ele passou o braço em torno dela. Os bêbados das três horas da manhã, em todos os Estados Unidos, fitavam as paredes, depois de terem finalmente desistido. Não era preciso ser bêbado para se machucar, para cair sob a mira de uma mulher; mas a gente podia se machucar e se tornar um bêbado. Você podia pensar por algum tempo, sobre tudo quando era jovem, que estava com sorte, e às vezes estava mesmo. Mas havia todo tipo de médias e leis em ação das quais você nada sabia, mesmo quando imaginava que tudo ia indo bem. Uma noite, uma quente noite veranil de quinta-feira, você se tornava o bêbado, você estava lá fora sozinho num quarto de aluguel barato, e por mais que tivesse visto isso antes, não adiantava, era até pior, porque você tinha pensado que não teria de enfrentar aquilo de novo. A única coisa que podia fazer era acender mais um cigarro, servir outra bebida, examinar as paredes descascadas em busca de olhos e lábios. O que homens e mulheres se faziam uns aos outros estava além da compreensão.”



Mas a verdade é que a alma humana é carregada de muitos mistérios, e que as vezes são esses momentos de melancolia e de tristeza, onde muitos se entregam ao vicio e a sensação enebriante e anestesiante de um porre, que muitos se descobrem. 
Qualquer um em qualquer momento pode se ver em tal situação, e isso explica porque tenho certa empatia pelas pessoas que se encontram abandonadas a si mesmo... Seria deveras interessante explorar suas mentes, seus sentimentos, e o que as levaram a ficar assim. 

Porque "examinar as paredes descascadas" as vezes pode estar muito além do reles alienado entendimento humano. Ao ler esse trecho do Bukowski, muito mais que o vício representado, me veio essa imagem de pessoas internamente abandonadas e solitárias, talvez em busca de si, talvez de algo além, onde o álcool, mas que um algo podre em suas vidas, representa uma tentativa de ferramenta, fuga ou até de chama atenção.

Assim, Bukowski ganha meu respeito.

Do dia, poesia



Eu vivo da poesia
Tao rara, tao pequena nos dias
De pouco me alimento

Eu respiro na poesia
A dor, amor, alegrias
Aquém, diastantes e lindas

A poesia, por fim, sou eu
Um nada em tudo resume
Poemas e linhas disformes 
Que a vida as vezes assume.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Justiça com as próprias mãos





Este texto não é de minha autoria, recebi ele por email e achei que deveria ser compartilhado, considerando a grande avalanche de comentários incitando a barbárie, ainda mais apos o acontecimento do "pelourinho", no qual um jovem assaltante, ou algo do tipo, foi preso em um poste, nu, por um grupo que se denominava "justiceiros". Acrescentemos a isso os comentários da repórter Rachel Shererazade e a sua campanha "adote um bandido". e estamos prontos a voltar a idade média.




Publicado por Luiz Flávio Gomes


"O termômetro da nossa insanidade coletiva, incluindo os setores radicais da mídia, está subindo, paralelamente à violência desbragada. Onde falta ética e educação de qualidade, ou seja, um bom IDH (índice de desenvolvimento humano), sobra a marcha tribal da insensatez. Em ano eleitoral, é de se imaginar que o clima quente da reação emotiva contra a violência, tal qual o do verão, vai bem longe. O Brasil continua na contramão da história civilizatória.

Está chegando a conta dos 514 anos de colonialismo teocrático (herança maldita), autoritarismo (arquétipo do Pai), parasitismo dos dominadores (escravidão, corrupção e neoescravidão), selvagerismo (violência epidêmica), ignorantismo (3/4 da população é analfabeta ou semialfabetizada – ver Inaf) e segregacionismo (apartheid sócio-étnico-econômico). Guerra de todos contra todos (Hobbes), que esquenta mais ainda quando bandidos das classes de cima passionalmente (Durkheim) se igualam à violência dos marginalizados perversos (por meio da justiça com as próprias mãos ou dos linchamentos, não autorizados pelo “contrato social”). De acordo com os indicadores socioeconômicos do Brasil, há um exército de milhões de jovens sem trabalho, sem estudo e sem estrutura familiar ou social solidificada (nem, nem, nem). São rejeitados por todos, até mesmo pela “ralé”, que é a classe D.

Nosso estágio de desigualdade socioeconômica (a melhora dos últimos anos foi totalmente insuficiente) e de degeneração moral coletiva chegou ao fundo do poço. Enquanto não rompermos a herança maldita da nossa estúpida, corrupta e violenta colonização, não vamos nunca sair desse atoleiro sanguinário e parasitário comandado pelas elites burguesas do capitalismo extrativista e selvagem. Só existe um caminho para a ruptura: ética e educação de qualidade para todos, tal como fizeram, depois de muita luta do povo, os países do elogiável capitalismo evoluído e distributivo (Dinamarca, Noruega, Suécia, Japão, Coreia do Sul etc.).


Educação civilizatória obrigatória, em período integral, promovendo-se assim, finalmente, nossa primeira grande revolução! Temos todos, ricos e pobres, o dever imperativo categórico (Kant) de levantar essa bandeira. Os 47 países com melhores IDH do mundo têm 1,8 assassinatos para cada 100 mil pessoas. O Brasil, com IDH ridículo para sua riqueza, é o 16º país mais violento do planeta, com 27,1 assassinatos, por 100 mil habitantes, em 2011. Enquanto não radicalizarmos no sentido da educação universal e da melhora substancial da renda per capita do povo que trabalha duramente, só resta ir contabilizando os “cadáveres antecipados”, a ira, o ódio, a insatisfação e a indignação massiva (que são os ingredientes de uma estrondosa revolução que ainda não ocorreu)."



O comentário da repórter citada:




E agora um questionamento final: Qual o melhor caminho? Se render aos apelos sensacionalistas da repórter, partir pra violência e responder com a mesma moeda, tornando a sociedade cada vez mais truculenta? Ou investir numa educação que liberte e proporcione caminhos?
O caminho da educação é o mais difícil e longo do que a resposta imediata e violenta, mas lembrem-se... Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Mudança

                 Quando fui convidado a contribuir para o blog “Uma Nova Casa”, a primeira pergunta que fiz foi sobre o que poderia escrever para o blog. Não com muita surpresa a dona da casa – agora já com dois novos inquilinos – se virou e me sorriu um afável “qualquer coisa”. Munindo o bom senso, decidi fazer aquela primeira sondagem. Aquela visita ao seu possível futuro imóvel, com direito a script e ritual que, com as especificidades de cada caso caminha mais ou menos assim: olhares desconfiados dos porteiros, um sorriso do tamanho do mundo dos corretores (com direito ao zelador como volante) e, nunca nos esqueçamos, a roleta russa dos vizinhos. Foi apenas com esse momento expedicionário é que, pouco a pouco tenho compreendido a que o simpático “qualquer coisa” tem se reportado afinal. Não é, e nunca houve dúvidas quanto a isso, a um desleixo quanto a produção postada. Também não diz respeito a uma leitura positiva e ressequida, rachada pela tão louvada (e tão mal utilizada) “imparcialidade” jornalística. Muito menos foi uma proposta a evasão hipertônica adolescente, como a anfitriã deixou aparente em seu primeiro post.
           Muito mais do que um convite a um “vamos escrever um blog”, fomos convidados – autores e leitores – a partilhar do que o filósofo nacional Mário Sérgio Cortella chama de “pamonhização das relações” que aqui – espero conseguirmos – se estende para todo aquele que se permita adentrar, ouvir e se fazer ouvir; a construir os laços de diálogo e afetividade que são fundamentais a qualquer relacionamento no qual nos engajemos com o outro. É um convite, sobretudo, a sentar na mesa da sala, cozinha, ou quarto e familiarmente se predispor a se expor enquanto indivíduo e pessoa integrante das mais variadas sociedades.
           Dadas essas observações vem a pergunta: e sobre o que uma família pode conversar, afinal? Em minha experiência pessoal, nem mais e nem menos do que este blog se propõe: tudo e todos. Da rede de trânsito da cidade de Belém – que parece continuar firme em sua tentativa de figurar como avatar do modelo indiano à questões ligadas aos mais diversos direitos, a imprescindível presença das artes enquanto elementos instigadores de reflexão dialética em nossas vidas e o parecer de todos aqueles que se permitirem participar e contribuir argumentando, brigando, concordando e, acima de tudo, convivendo conosco nos mais diversos cômodos da casa. Convidados fomos, autores e leitores, a nos expormos, a sonhar, a construir o presente e o futuro, o nosso futuro social e pessoal em cada debate, a cada sopro de poesia e nos inúmeros erros e acertos que nossa sociedade nacional-global enfrenta no cotidiano, mas que raramente se permite efetivamente ouvir e pensarem conjunto soluções e causas para o sonhado “desenvolvimento humano” em seus mais amplos sentidos.
          Por fim, já assinei o contrato e cá estou de malas e cuias, pronto pra discutir, me indignar, surpreender e bem querer aos que comigo se comprometerem a fazer mais do que sobreviver, suportar e se conformar com o outro, com a nossa realidade e com as limitações tênues do eu e do nós. Espero recebe-los em breve em nossa casa, a qual anseio que também vá se tornando sua para zelar e contribuir “Sangrando”, como bem diz a música.






segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O tempo




“Aquele que faz caso do dia, patrão Senhor o faz.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 14, versículo 6.)

A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.
Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.
Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante presunção.
Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.
É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?
Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá-lo de qualquer forma.
A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.
Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação, é muito importante para o concurso humano, na execução das leis divinas.
Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.
Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor.

(Cap. 01 do livro “Caminho, Verdade e Vida”, ditado pelo Espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier.)

sábado, 25 de janeiro de 2014

Sobre as "Ro-lezeiras"





Um minuto de silencio... Gente, o que é isso? Em que nível chegamos?

Sempre acreditei que jamais devia questionar os gostos culturais de alguém, cada um gosta do que lhe convém e toda forma de expressão cultural possui a sua riqueza, e pode acrescentar algo para o mundo, portanto não entro no âmbito de discutir as músicas que o povo do “rolezinho” curte ou algo assim.
Então vamos ao que importa: Como alguém se digna a isso? A se expor dessa forma e achar isso legal, coisa que a maioria das pessoas que eu observo comentando, nas redes sociais e ao meu redor, acha ridículo!

Também não sou do tipo de pessoa que questiona o modo de falar das outras, ate porque muita gente no mundo não tem acesso à educação, e a cultura influencia na sua fonética, mas o excesso de erros na concordância verbal daqueles jovens me incomodou, e sabe por que? Porque são adolescentes que, em vez de estar naquele excessivo ócio IMPRODUTIVO em que se encontram, dando volta em shoppings e assustando as pessoas com atitudes que merecem ser questionadas sim, poderiam estar estudando, aproveitando a provável possibilidade que muitos dali devem possuir, para no mínimo não aparecem em um vídeo de divulgação nacional falando besteiras como falaram. Sinto muito, pode soar pesado demais, mas eu não consigo aceitar esse desperdício de chances que muitos ali estão fazendo. Em vésperas de SISU e Enem, e toda a máquina de entrada para o ensino superior rodando, e este vídeo chega às redes sociais... Reafirmo meu comentário quando o vi pela primeira vez: Desisto da vida.

E ai vem meu questionamento com um misto de indignação: “Meu Deus, aonde foi que erramos?”, brincadeira, não é esse e sim: “O que podemos fazer?”. Vamos ao texto da nossa Constituição Federal de 1988 que afirma em seu art. 205:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Dever do Estado e da família... Enfim, como já afirmei, não sei como é a situação educacional de cada membro daquele grupo, e o conjunto de oportunidades a que estes estão expostos, mas acredito que alguns devem ter isso, porém e a família? Cadê a família dessas pessoas que estão exercendo esse tipo de atitude? E nos, como sociedade, o que podemos fazer também?

A Constituição trás previsão legal disso e de diversas coisas que o povo brasileiro tanto almeja alcançar, mas a lei sozinha não vai conseguir colocar tudo em prática. É de extrema importância que o corpo social, o Estado, os diversos grupos da sociedade civil e as pessoas interessadas, como na situação os jovens descritos, tomem atitudes práticas para a efetivação de tão belos direitos expostos num texto que foi fruto de muitas lutas no passado. É necessário que adolescente tomem consciência de serem entes passivos dessa relação, que merecem ter a sua educação e que ajam para tal, e não simplesmente se entregando aos “rolezinhos”, e as diversas formas de ociosidades que encontramos por ai. Afinal, é assim que se muda esse país?